Bem-vindo, Outono!

 O outono chega como um abraço sereno depois do excesso do verão. É o tempo em que os dias se encurtam, e o anoitecer chega mais cedo para nos lembrar da beleza da pausa. As árvores tingem-se de tons terrosos — castanhos, ocres, dourados — e cada folha que cai parece sussurrar que também é preciso saber largar.

É nesta estação que me sinto mais em casa. Gosto do cheiro da terra molhada depois da chuva, esse perfume que só o outono sabe oferecer. Gosto de ouvir a chuva cair, enquanto me recolho no aconchego de casa. Há um prazer secreto em adormecer com o som das gotas no telhado, como uma canção de embalar da natureza.

As mesas também se transformam. Há o sabor das castanhas assadas, que aquecem as mãos e a alma, e a doçura do dióspiro maduro, que se desfaz na boca como um pedaço de sol guardado. A romã, com as suas pequenas pérolas vermelhas, lembra-me que mesmo nas coisas mais simples se escondem tesouros. E como sabe bem, nesta altura, uma sopa quente que conforta e reúne todos à mesa.

O outono é também feito de pequenos rituais. Gosto de me mover devagar na minha cadeira, deslizando pelos caminhos, sentindo as folhas caídas sob as rodas e observando o mundo transformar-se em tons terrosos. Gosto de pintar as unhas em castanho, trazendo comigo a paleta desta estação, e de apreciar cada momento que a luz dourada me oferece antes de o dia se despedir.

O outono é ternura e introspeção. É o convite a desacelerar, a contemplar, a encontrar beleza nas pequenas coisas. É a estação que me ensina que tudo tem o seu tempo, e que a serenidade floresce quando nos permitimos estar presentes, mesmo sem pressa.

Bem-vindo, outono. Que tragas aconchego, inspiração e a promessa de que até nas despedidas existe poesia.

Com carinho,

Daniela Silva ♥

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