Não sou a mais brilhante do céu, mas nesta casa, por estes dias, sou rainha de galhos e enfeites, coroando um pinheiro carregado de sonhos e memórias. Entre fitas e luzinhas que piscam como se fossem corações em festa, eu observo. E sim, vejo tudo. Os risos espontâneos, os silêncios cheios de saudade, os abraços que demoram mais um bocadinho como se quisessem deter o tempo. Vejo também as ausências — aquelas cadeiras que ficaram vazias, mas que continuam a ter lugar à mesa, pelo menos no coração.
Já testemunhei crianças a adormecer no sofá, de mãos ainda sujas de chocolate, com o brilho do Natal preso nos olhos cansados. Já ouvi confissões sussurradas baixinho, porque à meia-noite parece que as paredes escutam com mais atenção. Já vi lágrimas caírem discretas enquanto alguém desembrulhava não só uma prenda, mas recordações que voltavam à vida num gesto simples.
E ano após ano, o mais bonito é isto: mesmo quando tudo muda, mesmo quando o mundo lá fora corre apressado e cheio de pressões, aqui dentro alguém levanta o olhar, encontra-me no alto da árvore… e sorri. Talvez não seja para mim. Talvez seja pelo que eu represento. Pelas histórias guardadas, pelas pessoas que já estiveram aqui e pelas que continuam a vir.
Sou só uma estrela. Mas dentro de mim cabem todas as luzes que já iluminaram esta sala, todas as gargalhadas que já ecoaram, todas as esperanças que foram penduradas neste pinheiro como se fossem enfeites invisíveis. Carrego a promessa de que, enquanto eu brilhar, mesmo que seja uma luz pequenina, haverá sempre espaço para a ternura, para o reencontro e para a magia que só o Natal sabe trazer.
Com carinho,
Daniela Silva ✨
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