13 dezembro, 2025

★ Dia 13 – o encontro de natal




Era véspera de Natal, e o céu vestia-se com tons dourados e rosados que anunciavam um dia especial. Francisco, com apenas sete anos, despertou antes mesmo do sol. Os olhos castanhos brilhavam como luzinhas de árvore e o coração batia mais rápido — algo no ar lhe dizia que aquele não seria um Natal qualquer.


Pela casa, já se sentia o aconchego da época: o cheirinho a canela dos sonhos recém-fritos, o som distante de um disco de Natal antigo a tocar na sala e o calor do forno a preparar o bacalhau para o jantar. Mas, naquele ano, Francisco não pensava em brinquedos nem em surpresas dentro de embrulhos brilhantes. Havia um outro desejo que morava no seu peito — o de ser compreendido sem precisar dizer uma única palavra.

Desde pequeno, Francisco percebia o mundo de forma diferente. Era sensível aos sons, atento aos detalhes e falava pouco — mas sentia muito. A sua mãe, paciente e meiga, conhecia cada gesto do filho e sabia que, mesmo calado, ele dizia tanto.

Enquanto ajudava a colocar a estrela no topo da árvore, Francisco sentiu uma melodia suave vinda da varanda. Curioso, caminhou em bicos de pés até lá, empurrando devagar a porta envidraçada. E ali, envolta num cachecol lilás e com um gorro colorido, estava uma menina com olhos tão curiosos quanto os seus. Ela também não falou. Apenas sorriu — e foi o suficiente para ele perceber que aquele era o encontro que o seu coração esperava.

Sentaram-se juntos num cobertor felpudo no chão da varanda, com uma manta a cobrir-lhes as pernas. A mãe trouxe-lhes chocolate quente em canecas com renas desenhadas. Entre goles tímidos e olhares cúmplices, trocaram pequenos presentes feitos à mão: ele ofereceu-lhe um bonequinho de massa de sal, e ela deu-lhe um envelope com um desenho feito a lápis — dois bonecos de mãos dadas debaixo de uma árvore iluminada.

Não trocaram palavras, mas não foi preciso. Entenderam-se nas pausas, nos olhares demorados e na quietude partilhada. Era como se, num mundo tão barulhento, ambos tivessem encontrado o silêncio certo para serem eles mesmos.

Nessa noite, quando as luzes da árvore cintilavam e o calor da lareira abraçava a casa, Francisco deitou-se com o coração leve. Não foi pelos presentes, nem pela ceia. Foi pelo encontro que guardaria para sempre — aquele em que, mesmo sem dizer nada, se sentiu totalmente compreendido.

E foi assim que, naquele Natal, Francisco descobriu que o amor, quando é verdadeiro, não precisa de palavras. Basta apenas ser sentido.

Com carinho, 
Daniela Silva ✨️

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