Ser mãe é amar no plural

 Ser mãe de um menino é um convite constante ao encantamento.

É aprender a gostar de carros, monstros e camiões, mesmo sem perceber metade.

É descobrir que o amor cabe todo num abraço apertado com cheiro a terra, suor e leite com chocolate.

Mas também é estar atenta ao que não é dito.

Ao que os olhos mostram, mas a boca não traduz.

Porque ser mãe nem sempre é seguir os manuais — é ouvir com o coração, mesmo quando há silêncio.

Ser mãe de uma criança com autismo é amar com mais atenção.

É aprender a celebrar cada pequena vitória como se fosse uma conquista olímpica.

É reaprender o mundo com outros olhos. Mais lentos, mais profundos, mais verdadeiros.

É aceitar que o tempo não tem de ser o mesmo para todos, e que o amor não conhece cronogramas.

E sabes?

Ser mãe assim é um dom.

Um dom cansativo, por vezes solitário… mas feito de uma beleza que o mundo raramente vê.

Porque há dias em que o cansaço pesa mais do que os braços conseguem carregar.

Mas basta um sorriso, uma palavra nova, um gesto inesperado… e tudo faz sentido.

Sou mãe.

De um menino que me ensinou a ser mais forte, mais paciente, mais presente.

E de uma alma especial, que me obriga a desacelerar e a viver com mais intenção.

Ser mãe é aprender a ver para além do óbvio.

É ser casa, abrigo e porto.

É amar em dobro, em silêncio, em oração.

E é por isso que, no meio de tudo, continuo a agradecer:

Por este amor que me transforma.

Por este menino que é tudo.

E por este papel que, mesmo difícil, é o mais bonito que Deus me confiou.

Com carinho,

Daniela Silva ✨