12 agosto, 2025

Capítulo 1 - o João não quer ir à praia




Esta é uma história minha. Não porque tenha acontecido — mas porque foi escrita com o coração, como tudo o que faço.
É uma história em capítulos, em formato de escrita criativa, sobre os amores que o verão traz: inesperados, intensos, e por vezes passageiros... mas nunca pequenos.

Tudo aqui é ficção. Nenhuma personagem existe de verdade — e, ao mesmo tempo, podem existir todas.
Talvez conheças um João. Talvez sejas uma Lara.
Ou talvez, no silêncio de um fim de tarde, ainda te lembres do teu próprio amor de verão.

Esta é apenas uma história. Mas quem sabe… não é a história de alguém?

Segue os capítulos, sente cada um, e deixa o coração à vontade para lembrar, sonhar… ou recomeçar. 💛

O João sempre teve um certo desconforto com o verão.
O calor deixava-o irritadiço, suava por tudo e por nada, e a ideia de enfiar-se numa praia cheia de gente e areia entranhada nas roupas parecia-lhe mais um castigo do que lazer.
Mas naquele sábado, não conseguiu escapar.

— “Anda lá, João! Uma tarde, só uma! Estamos todos a precisar de desanuviar.”
O Miguel, amigo de infância, insistia. E a verdade é que João andava mesmo a precisar de sair da bolha — já não se sentia “ele” há semanas. O fim do ano letivo, a exaustão do estágio e a sensação de estar sempre atrasado para tudo.

Acabou por ceder.
Calçou as sandálias, enfiou uma t-shirt branca qualquer e levou um livro para justificar a ausência nas conversas.
No fundo, só queria silêncio e sombra.

A praia estava cheia. Famílias, toalhas coloridas, crianças aos gritos, vendedores de bolas de Berlim, ondas pequenas e persistentes. Nada nele combinava com aquilo.

— “Fica aí com o nosso grupo, que eu vou buscar umas bebidas!” — gritou o Miguel já a afastar-se.

Foi nesse instante que João a viu.
Estava a ajeitar o chapéu de palha, sentada na areia, com um livro no colo e os pés semi-enterrados.
A diferença? Ela lia o mesmo livro que ele trazia na mochila.

“Coisa rara”, pensou.
A capa estava gasta, um romance antigo de Vergílio Ferreira — um gosto que poucos partilhavam com ele.

Olhou para o livro. Olhou para ela.
Sorriu, pela primeira vez naquele dia.

Mal sabia ele que aquele verão, que prometia ser igual aos outros, estava prestes a transformá-lo por dentro.

E a culpa era de uma rapariga de vestido leve, olhos inquietos e gosto literário idêntico.

(Continua)

Com carinho, 
Daniela Silva ✨️

2 comentários:

  1. Creativity brightens our souls and brings personal and collective lessons.
    I'm already on your friends list, I'll wait for you on mine.
    (ꈍᴗꈍ) Poetic and cinematic greetings.
    💋Kisses💋

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  2. Muito linda a inspiração e que bom que João que não queria nada, nem sorria, já teve a primeira alegria ali na praia... Promete,sim!

    beijos praianos, chica

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