Falar de Canidelo é muito mais do que descrever uma freguesia de Gaia.
É recordar histórias que nos chegam pelos avós, é sentir o cheiro a maresia logo pela manhã, é lembrar que antes de tudo isto ser casas e prédios, era campo, rio, mar… e história.
Canidelo tem duas particularidades que sempre me fascinaram: por um lado, uma ligação fortíssima com a natureza (com o rio Douro de um lado e o mar Atlântico do outro); por outro, uma profundidade histórica que muitas vezes é esquecida — e que importa lembrar.
Quinta do Paço - fotografia de Cantinho das Aromáticas
👑 Sabias que Inês de Castro terá passado por aqui?
É verdade. Conta-se que Inês de Castro, a mulher que “foi rainha depois de morta”, viveu algum tempo por estas bandas.
Segundo a tradição oral — e mesmo alguns registos antigos — Inês terá vivido em Canidelo durante parte do seu romance secreto com D. Pedro I, o que dá a esta terra uma ligação direta com uma das mais trágicas e românticas histórias de amor da nossa História.
E sabes o que torna tudo ainda mais especial para mim?
É que eu moro mesmo ao lado da quinta onde ela se escondeu do rei, pai de D. Pedro.
Do meu portão, consigo ver o monumento que assinala a sua passagem por aqui.
É quase como viver dentro da história — e isso, para quem ama tradição como eu, é mágico.
(Na fotografia que acompanha este post, podes ver esse mesmo monumento.)
Se é verdade ou não, ninguém sabe com certeza absoluta. Mas sabes que mais? Eu gosto de acreditar que sim. Que estas ruas onde hoje passam autocarros e trotinetes, já viram passos de realeza. Que este céu já cobriu segredos de amor proibido. Que esta terra, que hoje tantos ignoram, já foi palco de algo grandioso.
Fotografia: Viaje Comigo
🌊 Terra de lavradores, pescadores e resistência
Durante séculos, Canidelo foi terra de gente humilde e trabalhadora. Lavradores, pescadores, gente de fé e de força. Cresceu devagar, mas com firmeza. E, mesmo com o tempo, muita dessa essência ainda vive nos rostos das pessoas mais velhas, nos campos ainda por cultivar, nas festas de verão que juntam famílias inteiras.
Cada vez que volto às zonas mais antigas, sinto que o tempo abranda. E por breves instantes, consigo imaginar como era antes: as crianças a correr descalças, as mulheres a conversar à porta, os homens a regressar do mar com as mãos calejadas.
O vídeo tem 11 anos, fica a promessa que um dia destes, vou eu mesma tirar fotografias e mostro. Canidelo está muito mais moderno!
🪞 Reflexão
Canidelo não é só um lugar no mapa. É um pedaço da minha história.
E embora muita coisa tenha mudado — e vá continuar a mudar — há raízes que não se arrancam. Há memórias que resistem. Há amor por um lugar que não se explica, só se sente.
Que este post sirva como lembrança e homenagem.
Porque antes de sermos modernos, fomos memória.
E eu, que tanto gosto de escrever, quero deixar isto gravado — nem que seja numa página de blog!g
Canidelo é terra com alma. E eu sou feita dela.
Com carinho,
Daniela Silva ✨️
É sempre bom valorizar nossas origens.
ResponderEliminarNova tirinha publicada. 😺
Abraços 🐾 Garfield Tirinhas Oficial.
Deve mesmo ser linda tua Canidelo, mescla de belezas naturais e história!
ResponderEliminarLindo e interessante post!
beijos praianos, chica
Que texto lindo!
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