🌻 Julho — é promessa de calor e de recomeços

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Julho chega sem pedir licença, com o seu jeito de quem não tem pressa. Instala-se devagarinho, escorrendo luz pelas frestas das janelas, acordando os sentidos adormecidos pelo cansaço dos meses anteriores. Traz o peso doce do calor e os dias longos que parecem estender-se até ao infinito, como se o tempo, por um momento, decidisse respirar fundo connosco.

Há em julho uma espécie de segunda oportunidade — não a do calendário, mas a da alma. É um recomeço que não precisa de alarde, só de presença. Uma página em branco onde cabem silêncios, tardes lentas, livros meio lidos e promessas que já não urgem cumprir. Talvez porque julho tenha cheiro a férias, mesmo para quem não as tem. Tem o sabor da fruta colhida à pressa, da cereja roubada do cesto, da melancia que escorre pelos dedos sem culpa. Tem o toque fresco da toalha ainda húmida e o sal que fica na pele como tatuagem passageira de um instante feliz.

Julho é feito das boas vidas: de crianças que brincam na rua até ao escurecer, de conversas à mesa que não olham o relógio, de pés descalços no chão frio, de um copo de vinho partilhado à sombra de um fim de tarde. É tempo de viver para dentro, sem perder o que vibra lá fora. Para quem gosta de contemplar, é uma estação de ouro: o verão abre portas a quem sabe parar.

O verão pode não ser o mais íntimo dos abraços, mas também tem o seu colo. Não é largo nem pequeno — é o que é. E há beleza nisso. Porque julho tem esse dom de abrandar o mundo sem nos pedir licença. De nos convidar a ser, e não apenas a fazer. A largar os controlos todos e aceitar a beleza do que é.

Julho não se impõe. Acontece. Vive entre o céu aberto e o peito despido, entre o calor do sol e o calor do coração. Há um romance secreto no ar, que não precisa de enredo nem promessas, apenas presença.

Julho é aquele abraço morno que nos diz:

“Estás aqui, estás viva. E isso, só isso, já é um milagre.” Que seja um ótimo mês para todos que me lêem!

Com carinho, 

Daniela Silva 🍒✨️