Julho chegou, e com ele, o coração de Canidelo bate mais forte.
A freguesia veste-se de luz e memória para celebrar os seus padroeiros: São Vicente Ferrer e Santo André.
Embora o dia oficial de São Vicente Ferrer seja a 12 de julho, a festa vive-se neste fim de semana, como manda a tradição.
Canidelo, em Vila Nova de Gaia, é uma freguesia grande, dividida em várias zonas. Eu vivo em Santo André, onde também se celebra o santo que dá nome ao lugar — mas mais para o fim do ano, entre novembro e dezembro.
Há muitos anos, ainda antes de eu nascer, decidiu-se juntar ambas as festas numa só, aproveitando o clima mais favorável de julho. E assim ficou: uma celebração que é de todos e para todos, unindo devoções, famílias e gerações.
📿 São Vicente Ferrer, o nosso padroeiro principal, foi um frade dominicano espanhol, nascido em Valência no século XIV. Chamavam-lhe o “Anjo do Apocalipse” — não pelo medo, mas pela força das suas palavras e pelo impacto que deixava por onde passava. Era um pregador incansável, conhecido por arrastar multidões e ser um homem de milagres, com fama de curar os corpos e tocar os corações.
🐟 Santo André, por sua vez, foi um dos primeiros discípulos de Jesus e irmão de São Pedro. É o santo dos pescadores e das águas fundas, das causas difíceis e das almas simples. Diz-se que morreu numa cruz em forma de “X”, símbolo que ainda hoje o representa. Em terras como Canidelo, tão próximas do mar, a sua presença espiritual é sentida com especial devoção.
As festas em honra destes santos não são apenas uma tradição anual — são a alma viva de um povo.
São as ruas com bandeirinhas, os cheiros da infância, os reencontros inesperados, os sinos que se ouvem mesmo de olhos fechados.
É a fé que se materializa em cada vela acesa, em cada passo da procissão, em cada promessa sussurrada ao altar.
Há quem diga que as festas já não são como antes. É verdade, concordo.
Muitos — eu, principalmente, neste post — temos pena de ver a nossa terra a ficar esquecida.
E logo eu, que gosto de tradição... Quando era pequena, havia um senhor que fazia a nossa zona de Santo André em cascata — para quem não é de Portugal, uma cascata é como um presépio, mas com cenas do quotidiano.
Durante a festa, a cascata ficava em exposição, e eu adorava ver. A nossa terra, tal e qual ela era, mas em ponto pequeno — como uma casa de bonecas.
E a cada ano, o senhor acrescentava algo novo: uma figura, uma rua, um gesto que só os de cá reconheciam.
Era como ver Canidelo ao espelho, mas com olhos de infância.
Hoje há mais pressa, menos vizinhos à porta, menos conversa à janela.
Mas ainda há fé.
E enquanto houver fé, haverá festa.
Porque estas celebrações são mais do que romarias — são heranças vivas.
São o nosso modo de dizer: “estamos aqui, e continuamos a acreditar no que é bom, no que é belo, no que é nosso.”
Que São Vicente Ferrer e Santo André continuem a abençoar esta terra tão nossa —
e que a luz destas festas nos lembre, ano após ano, que a alma de um povo nunca se perde.
Apenas se esconde um pouco… e desperta com mais força quando nos voltamos a reunir.
Com carinho,
Daniela Silva ✨️
Tive um amigo querido que a morte da primeira mulher o deixou muito abalado. Perto de sua casa havia um convento de dominicanos, religiosos extremamente cultos, “guardiões da fé”, segundo ele. Passou a frequentar a biblioteca do convento, a conversar com os irmãos e a alimentar-se do conforto espiritual ali encontrado. Resultado: tornou-se definitivamente um católico praticante, tão convicto de sua fé, tão religioso que foi admitido como irmão leigo. Na ordem, ele tinha a seguinte identificação: Frei Vicente de Ferrer, irmão leigo da Ordem Terceira dos Dominicanos.
ResponderEliminarSão tão lindas as festas assim. E, ainda que com menos pessoas, a fé persiste e nunca deve acabar!
ResponderEliminarbeijos, chica
No verão, é a época das festas e romarias.
ResponderEliminarVotos de um bom fim de semana, amiga Daniela.
Beijinhos, com carinho e amizade.
Mário Margaride
http://poesiaaquiesta.blogspot.com
https://soltaastuaspalavras.blogspot.com
Festas sempre interessantes! 👏👏👏😘
ResponderEliminarFestas sempre interessantes! 👏👏👏😘
ResponderEliminarAlgo parecido com a festa de São João daqui. Os festejos ocorrem sobretudo na véspera, no dia 24.
ResponderEliminarSempre participei nos tempos de antanho, risos, dessas festividades. Gostei de conhecer sobre os festejos de Canidelo. Obrigado pela partilha, Daniela!
Um grande abraço,
Os santos são verdadeiros patronos das festas populares que os celebram.
ResponderEliminarAbraço de amizade.
Juvenal Nunes
Unas fiestas muy bonitas. Besitos
ResponderEliminar"[...] Que São Vicente Ferrer e Santo André continuem a abençoar esta terra tão nossa[...]", Daniela.
ResponderEliminarEstou mesmo aqui ao lado e nem a tradição me deixa estar presente. "Presentes" da idade!...
Adorei esta tua vocação particularmente bela de elevar o que vai perdendo das Tradições.
Te felicito.
Beijo,
SOL da Esteva
Creo que esas tradiciones que viviste de niña sería bueno que tu hijo las pudiera vivir y cuando toque lo vivan tus nietos, como supongo lo hicieron tus padres y abuelos.
ResponderEliminarPor aquí el día 16 se celebra en algunos lugares la Virgen del Carmen, aunque sea de tierra adentro, ya que es la patrona de los marineros tanto los civiles como los militares.
A San Andrés lo siguen celebrando en alguna localidades el 30 de noviembre por lo que se dice "quien va San Andrés en un mes va y en otro vuelve"
Saludos.
O verão é altura de muitas festas.
ResponderEliminarIsabel Sá
Brilhos da Moda
Hola Daniela, venía a darte las gracias por tu visita a mi blog y dejarme un comentario. Me alegra de ello, porque me permite descubrir tu blog. Me acabo de hacer seguidora para no perderme tus entradas.
ResponderEliminarLas fiestas animan y nos permiten descubrir otras gentes. Me gustan las fiestas estivales, alegra mucho.
Que tengas una feliz tarde.
Un beso.