Capítulo 6 — O reencontro (ou a escolha de deixar ir)

 Passaram-se dois anos.

A vida seguiu como sempre segue: sem pedir licença.

João tentou escrever sobre aquele verão, mas cada palavra parecia incompleta.

Guardou o caderno, como se guardar fosse esquecer.

Mas nunca esqueceu.

Lara mudou de cidade, de corte de cabelo, de lugar à mesa.

Disse a si mesma que tinha sido só uma história bonita.

Uma lembrança boa.

E boa… ficava no passado.

Mas há dias em que o tempo dá voltas estranhas.

Foi numa livraria pequena, escondida no centro da cidade.

João folheava um livro qualquer.

Lara procurava uma prenda para a irmã.

Os olhos cruzaram-se.

E durante um segundo, tudo o que tinham sentido voltou como se nunca tivesse partido.

— “Estás bem?”

— “Estou,” mentiram os dois com um sorriso meio tímido.

Falaram por minutos. Um café rápido. A vida em resumo.

Riram-se de como estavam diferentes.

E ao mesmo tempo… iguais.

Não houve confissões.

Nem promessas.

Só aquele silêncio confortável que sempre os uniu.

Antes de se despedirem, João tirou do bolso uma pequena concha — a mesma, partida ao meio.

— “Ainda a guardas?”

— “Guardo o que é real,” disse ele.

Lara ficou a olhar para aquilo.

Sorriu.

Mas desta vez, foi ela quem disse:

— “Obrigada por me teres deixado ir.”

E foi embora.

João ficou ali.

Em paz.

Porque o amor, às vezes, não é sobre ficar.

É sobre deixar partir, com ternura.

O verão acabou.

Mas aquela história, escrita a sal, areia e silêncio…

Vai durar muito mais.

Fim desta história, de um amor de verão! 

Com carinho, 

Daniela Silva ✨️