O tempo começou a mudar.
As tardes ficaram mais curtas, as noites mais frias.
E havia um silêncio estranho no ar — um daqueles que sabem mais do que dizem.
João sabia que o fim do verão vinha aí.
E Lara, com aquele olhar que tentava esconder tudo, começou a vir menos vezes.
Culpava o trabalho, os pais, os compromissos… mas a verdade era outra.
Tinha medo de ficar demasiado perto.
Tinha medo de sofrer como antes.
Na penúltima tarde em que se viram, João levou um presente.
Uma concha que encontrara na areia, partida ao meio.
Guardara-a por dias, sem saber porquê.
— “Falta-lhe uma parte,” disse ela ao recebê-la.
— “Como nós,” respondeu ele.
Lara sorriu, mas os olhos já brilhavam de lágrimas.
Sabia o que ele queria dizer.
Era bonito demais para ser dito em voz alta.
No último dia, encontraram-se ao entardecer.
Nenhum dos dois falou sobre a despedida.
Fingiram que haveria outro encontro. Outro verão.
Fingiram bem.
Caminharam lado a lado até à rocha onde costumavam sentar-se.
Ali, sem palavras, ele segurou a mão dela.
E ficou assim por minutos inteiros.
No final, João disse apenas:
— “Obrigada por me deixares entrar.”
Lara engoliu em seco.
— “Obrigada por não me obrigares a ficar.”
E foram embora.
Cada um para o seu lado.
Com um pedaço do outro no peito, como aquela concha partida.
Porque às vezes, o amor não precisa de durar para ser real.
Continua...
Com carinho,
Daniela Silva ✨️
E nem toda a despedida é um fim. Às vezes, é só uma pausa com saudade.
Lindo, doce e emocionante despedida ,ainda que não despedida... Gostei muito! Vamos ver e acompanhar! Adorei a parte da concha partida...
ResponderEliminarbeijos praianos, chica
Bom dia, cara Daniela
ResponderEliminarLi com muita emoção a despedida destes dois seres que se
compreendem tão.
A saudade fica e talvez um dia rever-se-ão.
Beijinhos
Olinda
Bom final de semana e uma excelente sexta-feira, Daniela.
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