Camões, o amor e a língua que nos une

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No dia 10 de junho celebramos Portugal, a nossa cultura, as comunidades espalhadas pelo mundo — e, claro, o nosso maior poeta: Luís de Camões.

Hoje partilho um dos seus poemas mais conhecidos e, para mim, um dos mais belos. Porque escrever é um gesto de amor. Porque a nossa língua é um lugar onde me encontro. Porque Camões diz o que muitos de nós apenas sentimos.

Amor é fogo que arde sem se ver;

É ferida que dói e não se sente;

É um contentamento descontente;

É dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;

É solitário andar por entre a gente;

É nunca contentar-se de contente;

É cuidar que se ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;

É servir a quem vence, o vencedor;

É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor

Nos corações humanos amizade,

Se tão contrário a si é o mesmo Amor? — Luís Vaz de Camões 

 

✨ Uma língua que toca o coração

Este poema é um dos que mais me marca, sempre que o releio. É impossível não nos vermos espelhados nas contradições que ele tão bem descreve.

Camões sabia que o amor tem luz e sombra, força e fraqueza, beleza e dor.

E é assim também com as palavras: elas mostram e escondem, curam e magoam, aproximam e afastam.

Por isso, hoje escolho celebrar a língua portuguesa com gratidão — pela forma como me permite criar, sentir e partilhar.

A escrita é uma das minhas maiores paixões, e é nesta língua que dou vida aos meus pensamentos. Que bom é poder falar dela com tanto orgulho.

Com carinho, 

Daniela Silva